Resistência cultural e modernidade indígena

Susana de Castro
Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Rio de Janeiro, Brasil
susanadec@gmail.com

Baixar artigo completo

Resumo

Ainda que as elites econômicas locais defendam um projeto de modernidade preponderantemente eurocatólico, a miscigenação não apagou os elementos não europeus da cultura e sociedade brasileiras e latino-americanas, como mostram Lélia Gonzalez e Silva Rivera Cusicanqui. Além disso, se seguirmos Oswald de Andrade e outros, poderemos mostrar que foi a modernidade indígena que fundou a modernidade europeia, e não o contrário. Se, por um lado, as universidades insistem em adotar um modelo eurocêntrico de saber, isto é, que privilegia a teoria em detrimento da prática, o escrito em detrimento do oral, o mental em detrimento do corporal, nossa sociedade e cultura são profundamente marcadas pelos saberes ancestrais, pela oralidade, pela corporeidade e pela imagética.

Palavras-chave: mestiçagem, colonialismo interno, territorialidade, episteme indígena.

Abstract

Although local economic elites advocate a predominantly Euro-Catholic modernity project, miscegenation has not erased the non-European elements of Brazilian and Latin American culture and society, as shown by Lélia Gonzalez and Silvia Rivera Cusicanqui. Furthermore, following Oswald de Andrade and others, we could argue that indigenous modernity laid the foundation for European modernity, not the other way around. On the one hand, universities continue to uphold a Eurocentric model of knowledge that privileges theory over practice, writing over oral tradition, and mental over corporeal aspects. On the other hand, our society and culture are profoundly shaped by ancestral knowledge, orality, corporeality, and imagery.

Keywords: miscegenation, internal colonialism, territoriality, indigenous epistemology.