O identitarismo dos identitários e dos não-identitários: uma tecnologia semiótico-política do hegemonismo

Helena Vieira
Pesquisadora, transfeminista e dramaturga
Palestrante e colunista da Revista CULT
São Paulo, Brasil
helena.brilhante.vieira@gmail.com

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Resumo

O identitarismo tornou-se um tema amplamente discutido nas plataformas digitais e opõe “pró-identitários” e “anti-identitários”. A despeito da polissemia do conceito, há um consenso que aponta o caráter prejudicial do “identitarismo” para a luta política: o chamado identitarismo virou um inimigo comum para grupos ideologicamente opostos. Eis por que o presente ensaio, escrito também em primeira pessoa, recoloca os termos do debate: trata-se menos de pensar o que o identitarismo “é”, e mais de refletir sobre o que ele “faz” no campo político – como a crítica das esquerdas aos movimentos feministas e negros, por exemplo. Para isso, serão mobilizadas ideias de S. Hall, A. Quijano, K. Marx, J. Butler, entre outros.

Palavras-chave: trabalho reprodutivo; problemática; marxismo feminista; leitura sintomal; trabalho doméstico.

Abstract

Identitarianism has become a widely discussed topic on digital platforms, pitting “pro-identitarians” against “anti-identitarians.” Despite the concept’s polysemy, there is a consensus that “identitarianism” is detrimental to political struggle: so-called identitarianism has become a common enemy for ideologically opposed groups. This is why this essay, also written in the first person, reframes the debate: it’s less about considering what identitarianism “is” and more about reflecting on what it “does” in the political arena—such as the left’s critique of feminist and Black movements, for example. To this end, ideas from S. Hall, A. Quijano, K. Marx, J. Butler, and others will be mobilized.


Keywords: reproductive labor; problematics; feminist marxism; symptomatic reading; domestic labor.