Juliana Aggio
Professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Salvador, Brasil
juortegosa.aggio@gmail.com
Resumo
Neste texto, faço uma análise do conceito elaborado por María Lugones de colonialidade de gênero a partir da apropriação crítica que ela faz do conceito de colonialidade do poder, elaborado por Aníbal Quijano, de modo a argumentar que não haveria colonialidade do poder sem colonialidade de gênero e vice-versa. A partir dos conceitos de colonialidade e de interseccionalidade, a filósofa recusa não apenas uma concepção de Quijano de gênero dimórfica hierárquica de viés biológico, mas também uma concepção universal do conceito “mulheres” do feminismo branco hegemônico que, ao pensar exclusivamente o gênero, e não o gênero em termos raciais, acaba por assimilar o sujeito “mulheres” à própria mulher branca, excluindo as racializadas e produzindo, assim, racismo. Palavras-chave: colonialidade, poder, gênero, feminismo, decolonialidade.
Abstract
In this text, I analyze María Lugones’ concept of coloniality of gender based on her critical appropriation of Aníbal Quijano’s concept of coloniality of power, arguing that there would be no coloniality of power without coloniality of gender and vice versa. Based on the concepts of coloniality and intersectionality, she rejects not only Quijano’s conception of hierarchical, dimorphic gender with a biological perspective, but also hegemonic white feminism’s universal conception of “women”, which, by thinking exclusively of gender and not gender in racial terms, ends up assimilating the subject “women” to white women themselves, excluding racialized women and thus producing racism.
Keywords: coloniality, power, gender, feminism, decoloniality.
